27- VELOCIDADE VERTIGINOSA..

O percurso até ao centro do coração de Deus, é um percurso que leva o seu tempo! há que passar por múltiplas situações e o caminho não é sempre plano...

OS CARRIS DESTE PERCURSO é o olhar interior que devemos procurar que seja uma expressão simples e sincera do movimento da própria mente e do próprio coração desde a situação em que cada um se encontra e sem forçá-la!
Este olhar amoroso interior faz parte intrínseca desta RELAÇÃO COM O AMIGO e é formado por duas dimensões: o Amor e a espontaneidade!


A primeira forma concreta deste olhar interior é: "apresentar necessidades" mediante as carências que cada um sofre ou as angústias do próprio coração ... «Sem cansar-se em arranjar razões, mas apresentar as próprias necessidades!" Vida 13,11e . É  Teresa que o diz, pois é que normalmente está ao alcance de cada um. 

A espontaneidade diante DELE É FUNDAMENTAL para adiantarmos nesta Amizade maravilhosa que dá sentido a tudo o que faz parte de nós...

O AMIGO prefere que não disfarcemos os nossos problemas com palavras estudadas nem com mecanismos de defesa... 

ELE  gosta da nossa verdade, humildemente reconhecida, sem o esforço de pensar nem reflectir sobre ela, mas dita assim...sem floreados, sem desculpas, sem "arranjos"...sem culpar ninguém!

Ele prefere mil vezes a nossa espontaneidade...

Ser espontâneo!. Contar simplesmente a Deus o que me dói, dizer-LHE sem preâmbulos o que me acontece...

O AMIGO vive dentro da pessoa, por isso falamos com Quem nos habita.. Este colóquio é o resultado normal do encontro interior que houve e dessa percepção cada vez mais nítida da SUA presença.

26. DIFICULDADE?


Como existem pessoas que têm dificuldade em dar forma ao seu «olhar» interior nesta relação amorosa com Deus, é bom dizer que não se trata de «visualizar» nada. 

Somente se necessita uma simples tomada de consciência, mesmo que seja difusa e geral, sem nada imaginar de concreto, de que O AMIGO está aí com toda a certeza!. 

Da mesma forma não se deve insistir na necessidade de falar interiormente, se não se sente vontade disso, pois este olhar incute silencio de ideias e pensamentos. 

Esse olhar ajuda a ultrapassar aquilo a que normalmente chamam "meditação" que é o discurso mental, essa multidão de ideias e as grandes reflexões...

Ele faz subir rapidamente para uma oração afectiva simples que nos estabiliza na simplicidade, unificando e simplificando a nossa mente e o nosso coração...

25. COMO UM FELINO!



 Como vimos anteriormente,   os elementos dinâmicos da ORAÇÃO TERESIANA  (Recolhimento activo) que Teresa nos oferece experimentar,  nada tem a ver com pensar muito ou imaginar muito, mas resume-se a um simples olhar interior afectivo, é um «REPARAR  QUE ELE ME OLHA!»

Este "OLHAR", este "REPARAR" "DAR-SE CONTA" é a chave de ouro da vida mística de Teresa, que a lança numa corrida vertiginosa para o AMOR!  é como o felino na sua corrida em pós da presa desejada!

Olhar que privilegia o silencio do pensamento que se submete ao Amor expresso no olhar interior...

24 - EFICÁCIA DO SEU CAMINHO!


Teresa ensinou este modo a todos os que se relacionaram com ela: homens, mulheres, velhos, crianças, casados, solteiros... o que naquela época foi um escândalo!.

Viu-se «metida» em Deus de uma forma tão maravilhosa,  e aproveitar tanto em tão pouco tempo que não quis guardar só para si o seu segredo!Uma das pessoas em que ela quis experimentar a EFICÁCIA DO SEU CAMINHO foi o seu próprio pai.

Diz ela: "Como queria tanto o meu pai, desejava-lhe o bem que me parecia que teria com ter oração e assim, por rodeios, conforme pude, comecei a fazer com que a tivesse (...) como era tão virtuoso, assentou tão bem nele este exercício que, em 5 ou 6 anos (...) estava tão adiantado que eu louvava muito o Senhor e dava-me grandíssima consolação..." pois "parecia-me a mim que, visto eu não servir o Senhor como entendia que Ele queria, era necessário não se perder o que Ele me tinha dado a conhecer e que outros O servissem por mim!» ( Vida 7,10-13)

Ensinou o Recolhimento activo assinalado por 4 elementos dinâmicos:

  1. A FÉ, que nos confirma a proximidade de Deus
  2. A SOLEDADE, aquela que é elementar, corrigindo a tendência para a exteriorização. Ensina a conviver consigo próprio.
  3. O OLHAR INTERIOR, que se converte em "olhar silencioso" na medida em que a pessoa se vá despojando  de "conteúdos" da consciência. Este olhar interior, faz possível passar e até prescindir do discurso e reflexão mental para a relação afectiva.
  4. A RELAÇÃO AFECTUOSA E ESPONTÂNEA.

 Teresa nunca pôde «imaginar» nada na oração. Diz ela: «Procurava o mais que pudesse trazer Jesus Cristo, nosso Bem e Senhor, dentro de mim. E esta era a minha maneira de oração. Se pensava em algum passo (do Evangelho) apresentava-o no meu interior» (Vida,4,8)  e «Eu só podia pensar em Cristo como HOMEM...porque nunca consegui fazer uso da imaginação» (Vida 9,6)

NÃO PERCAMOS NÓS, ESTA OPORTUNIDADE! EXPERIMENTEMOS TAMBÉM! NADA PERDEREMOS, ANTES PELO CONTRÁRIO!